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quarta-feira, 19 de março de 2014

Speculum
























Estou do lado do espelho onde me colocaste,
Preso a um passado que insiste em atormentar.
Do lado de cá, reflito-me na tua recordação,
Abeiras-te ao vidro prateado e vislumbras
A imagem antanha de mim que em ti ficou.

Mas não estou silencioso.
Questiono-te, quando me questiono,
Respondo-te criando respostas que queria
Viessem da tua boca.
Tudo porque deixaste que me ausentasse
Neste espelho durante tanto tempo.

Hoje não somos mais que o reflexo do que deixámos para trás, 
Ou seja, muito pouco nestes anos de ausência.
Um mar de silêncios refletidos neste espelho onde nos questionamos, um vazio. 
Trazemos apenas as rugas dos anos que vão passando. 
Sem ter como iniciar o diálogo premente,
O desejo de perceber, de estilhaçar o espelho.


©2014 Alexandre Alves-Rodrigues

quinta-feira, 6 de março de 2014

Serei eu assim tão igual?





Serei eu assim tão igual,
Igual a ele, aos outros, a todos?
Serei eu assim tão preto e branco?
Tão igual?

Serei eu sempre à espera,
Sempre à espera da resposta.
Igual?

Sentado, de chapéu na mão,
Mendigando pedaços de palavras tuas.
Igual?

Serei eu igual quando esbarro nos teus muros de silêncio
Na tua aparente desatenção,
Que se revela mais atenta que uma sentinela?
Serei assim,
Tão igual?
Que não mereça uma oportunidade?

É certo que esta minha melancolia
Está por demais sujeita aos caprichos do tempo
E como todo o homem, que se enfada da monotonia dos dias
Para se distrair inventa um ou outro passatempo.

Mas já lá iremos, porque por agora falamos de igualdade.

©2014 Alexandre Alves-Rodrigues