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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Portugal, um país doente




Eu não conheço o Rui Sinel de Cordes nem a obra dele. Pelos vistos ele anda nisto do humor há tanto tempo quanto eu estou fora desse manicómio a que chamam Portugal. O único Sinel de Cordes de que me lembro, existia nos livros de história e foi um dos generais da ditadura militar que depois originou o Estado Novo. Portanto estou bem à vontade para falar sobre isto.

No entanto, depois de ler o seu desabafo, concluo que no século XXI em plena Europa ocidental ainda há quem não entenda o que é liberdade. Aviso: isto não foi um cliché. Os que não entendem o que é a liberdade é porque estão doentes. Portugal é um país doente. Um país de gente doente. Muito doente. 

A narrativa de Rui Sinel de Cordes, a ser verdadeira, faz todo o sentido. Ele descreve bem aquilo que eu, à distância, observo em Portugal há já muitos anos. Uma espécie de demência geral, onde até aqueles que são ou foram perseguidos, não têm pejo nenhum em ameaçar de morte este e aquele. Os mesmos que se indignam com as guerras estúpidas "lá fora" e depois mandam os refugiados “para a puta que os pariu” porque são todos terroristas. Os mesmos que sofreram às mãos da ditadura (eu acho que foi mais uma ditamole) e hoje não querem reconhecer direitos às minorias. Os mesmos que gritam bem alto "Je suis Charlie" e depois se indignam com alguém que tem uma opinião diferente da sua. Os que invocam amor cristão e depois negam-no ao próximo usando estereótipos e generalizações racistas, sociais e culturais. Os portugueses são excelentes na arte de generalizar. Sintoma de loucura? Não. De ignorância.

Tudo isto são indícios de uma doença mental muito grave e a pedir tratamento urgente. E tal como as doenças que afligem um corpo por demasiado tempo, são muito difíceis ou mesmo impossíveis de curar. Podem mesmo levar à morte do paciente. No caso dos portugueses são os resultados de demasiado tempo afocinhados em "empregos" de merda, demasiado tempo silenciados, demasiado tempo debaixo de uma pressão imensa para serem (parecerem) isto e aquilo e aqueloutro. Demasiado endividados, demasiado mansos, demasiado cobardes, demasiado subservientes e demasiado submissos. É esta a doença de Portugal. Claro está que com tanta coacção, a panela começa a largar pressão por algum lado. Basta observar o submisso, subserviente e endividado (mas vaidoso) português a conduzir, a ameaçar nas redes sociais, nas repartições públicas, nas filas das lojas, nos mercados, nas praias, enfim. As incoerências e as manifestações de loucura nunca mais acabam. 

Eu tive a sorte de poder sair de Portugal (bem) a tempo. Mas foi preciso chegar aos limites da loucura clínica para o ter feito. Não foi um passo de coragem como muitos pensam. Foi por desespero. Mas curei-me. Temo pelos que ficaram. Sendo mais fortes que eu, vão a pouco e pouco cedendo à loucura desse manicómio gerido por gente que nem para limpar o cu a cavalos serviria (não me desculpem o vernáculo). E temo pelo futuro desse país que para ser assim mais vale não o ser. Os portugueses, tal como os judeus (esses grandes paranóicos), deveriam empreender uma diáspora de 2000 anos, misturarem-se, dissolverem-se, miscigenarem-se ainda mais e só depois de se curarem da loucura, então voltarem e lutarem pelo seu cantinho à beira mar plantado.