Foto: Nuno Bossa. Arrábida |
Minha poesia
Longe de ser um horizonte definido
Longe de ser um horizonte definido
Perdido no meio das ilhas,
É arrítmica como um coração desfeito.
Nasce de um sentido profundo de incompletude
É arrítmica como um coração desfeito.
Nasce de um sentido profundo de incompletude
Como bruma que desce na noite.
E por vezes onde devia não se faz rima.
Onde devia ser céu é um velho e gasto chão
E navega por entre velhos rochedos perigosos
Num mar revolto de eterna perdição.
Invoca histórias da infância
Não sei bem porquê…
Quer saltar muros e tem medo de o fazer.
…
A minha alma não existe
Os meus olhos têm o fulgor de olhos defuntos
Onde um espírito certa vez habitou.
E no entanto sou. E habito um corpo.
Feito de ossos, tendões, carne e sangue,
Existe dentro de mim como que um mar de gravilha
Que não me afunda no mar, mas também não avança.
E nas artérias corre um saibro fino que tudo erode
à sua passagem.
Como o vento e o mar na rocha desejando-a areia.
E eu como um afogado perco-me em mares revoltosos.
©2015 Alexandre-Alves Rodrigues
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