Noite
espessa, remansescente do sol quente de Agosto,
a janela aberta de par em par deixa entrar o
perfume inebriante das rosas do jardim enquanto as orquídeas dormem.
Na cama
revolta, areeiro de senzala, as suas ancas de marfim, suadas, marcam o ritmo,
africano,
frenético,
cheirando a
terra vermelha molhada do continente negro.
Seus seios são mangas caribenhas, cheias de um sumo doce,
ansiando
pelas mãos experientes do guajiro que
as acaricia,
pesando-lhes a maturidade antes de as provar saciando sede e fome.
Refresco do corpo em
fogo e em harmonia com os movimentos das ancas,
da boca sai-lhe
um mantra, vindo dos confins gelados das Lapónias,
a inicio
sussurrado,
Depois, à
medida que o transe se torna mais e mais sincopado,
audível,
como o
lamento misterioso das mulheres de Khorasan,
os seus joelhos
fraquejantes roçam as pregas do meu lençol e os dedos dos pés libertam,
a
conta-gotas,
aquela energia quente.
Ora contraido-se,
ora
distendendo-se,
como a umbrela da água-viva nadando no oceano.
O rosto, como
o de uma Teresa de Ávila no auge do seu êxtase visionário do anjo perfurando-lhe
as entranhas com sua lança dourada,
exuda
prazer, numa boca entreaberta de olhos semicerrados,
Transidos,
de nariz inebriado pelos perfumes e odores misturados no almofariz secreto dos feiticeiros
de Sumatra.
O seu ventre
arde, quente, como os vulcões havaianos, libertando finalmente aquela lava
lenta, incendiada pelo telson venenoso
do escorpião devorador enquanto as orquídeas dormem.
©2013 Alexandre
Alves-Rodrigues
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