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segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Mistério Fugaz

"Everything we see hides another thing. We always want to see what is hidden by what we see.”

Rene Magritte




Abre os teus olhos. Lentamente…

Sim, sou eu. Para ti não mais que um sonho, o teu sonho vetusto, talvez de estimação. Foi para isso que me quiseste. Nada mais sou que uma quimera. Tão distante e por vezes tão perto; névoa antiga num rosto impreciso, sou aquilo que resolutamente deixaste para trás. Um momento fugaz na grandeza da tua história, das nossas histórias. Mutuamente desencontradas. Mutuamente desconhecidas. Mutuamente ignoradas. Fomos o eclipse parcial de uma lua de ilusão encobrindo um sol de falsa esperança. A gota de orvalho perdida num chão infértil mas sequioso.

Dessa ordem de grandeza, mil vezes imperfeita, mil vezes perdida, nasceu uma poesia arrítmica, tortuosa, torturada, de rimas forçadas. Estranhas formas que se combinam e se repetem, misturadas numa cicuta de afeto. Arroubo e raiva que não se extinguem. Exceto no dia da derradeira capitulação.

Fecha os olhos… Acorda.


©Alexandre Alves-Rodrigues 2014

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