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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Na praia deserta da minha solidão deste à costa

Encore. ©Ricardo Silva.


Na praia deserta da minha solidão deste à costa.
Da nau dos desencontros naufragaste
E é na beira-mar desta saudade extraviada
Dos perdidos que não retornam
Que jaz teu corpo inerte e sereno.

Trazes no flanco sinais que o destino não apagou
E nas mãos a memória de um rosto antigo,
Que se escapa como areia ainda brilhante e cheia de luz
Por entre os espaços de um tempo deixado em vazio.

Os teus olhos são uma arma de amor
Que fere de morte quem se ousa atravessar
Entre ti e o teu destino velado,
Deslumbrando à passagem, a tua beleza serena.

Na sombra fresca das palmeiras anseias por tornar
Ao porto que nunca te viu sair,
Mas sabes que partiste para nunca mais regressar.

E eu afogado dos desesperos e das incertezas,
Há mil anos sem retorno, neste mar de desolados, exilado das marés,
Baloiço impotente ao sabor das ondas que me trouxeram a esse espraiar.  


©Alexandre Alves-Rodrigues 2014

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