Deveria ter uns oito anos quando atravessei uma
rua e quase fui atropelado em frente a uma funerária. Não daria trabalho nenhum
se o carro me tivesse acertado em cheio. Arranjava-se logo ali o funeral. Hoje
essa rua está fechada ao trânsito. Teria morrido em vão. Não teria morrido em
vão se a estrada continuasse aberta ao trânsito e miúdos de oito anos
continuassem a ser atropelados.
Discutir centros comerciais com pessoas que
detestam centros comerciais. Acaba-se sempre a comparar tamanhos e números de
lojas. Este é maior que o outro. Olha que não, tem mais área mas menos lojas. E
pessoas que detestam centros comerciais e gostam de teatro acabam desamigados
por discutirem centros comerciais.
Tenho um amigo que agora se dedica ao croché.
Diz que lhe alivia o stress. Chega a
casa, joga na consola uma partida de Resident
Evil que é um jogo de terror onde se matam zombies e poltergeists para logo a seguir se sentar muito quieto a
fazer croché enquanto a namorada escreve ao computador. O meu amigo é
professor. Agora percebo porque se dedica a matar zombies para depois se sentar a fazer croché.
©2015 Alexandre Alves-Rodrigues
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