Existem
duas lonjuras, a saber; a lonjura do tempo e a lonjura da distância.
Encurtemo-las.
Conhecemo-nos há tanto
tempo,
E há tanto tempo,
Por demais somos do outro desconhecidos.
(e até inventámos esse tempo
de nos ignorar)
Pois há muito tempo
Que deixámos, um do outro, de
ser pronomes indefinidos.
Sei tanto sobre ti, e, no
entanto,
Aquilo que sei é tão pouco.
Pouco que em minha doída voz
é nada.
Por vezes quatro olhos se
turvam
E se enchem de água,
Nessas esquinas de
melancolia
Aonde jazem corações caídos após
a cilada.
Conversa longas, de mistério
encetadas,
No remanso de noites brancas,
paradas,
Fingimos ambos à distância articular.
Dizemos: “é no mar que
nossas almas se encontram.”
Uma afogada em lembranças,
outra incerta a flutuar,
Ali, onde a velha saudade à fímbria
dos tempos nos foi procurar.
©2015 Alexandre Alves-Rodrigues
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