Eu não conheço
o Rui Sinel de Cordes nem a obra dele. Pelos vistos ele anda nisto do humor há
tanto tempo quanto eu estou fora desse manicómio a que chamam Portugal. O único
Sinel de Cordes de que me lembro, existia nos livros de história e foi um dos
generais da ditadura militar que depois originou o Estado Novo. Portanto estou
bem à vontade para falar sobre isto.
No entanto, depois de ler o seu desabafo, concluo que no século XXI em plena Europa
ocidental ainda há quem não entenda o que é liberdade. Aviso: isto não foi um
cliché. Os que não entendem o que é a liberdade é porque estão doentes.
Portugal é um país doente. Um país de gente doente. Muito doente.
A narrativa de
Rui Sinel de Cordes, a ser verdadeira, faz todo o sentido. Ele descreve bem
aquilo que eu, à distância, observo em Portugal há já muitos anos. Uma espécie
de demência geral, onde até aqueles que são ou foram perseguidos, não têm pejo
nenhum em ameaçar de morte este e aquele. Os mesmos que se indignam com as
guerras estúpidas "lá fora" e depois mandam os refugiados “para a
puta que os pariu” porque são todos terroristas. Os mesmos que sofreram às mãos
da ditadura (eu acho que foi mais uma ditamole) e hoje não querem reconhecer
direitos às minorias. Os mesmos que gritam bem alto "Je suis Charlie"
e depois se indignam com alguém que tem uma opinião diferente da sua. Os que
invocam amor cristão e depois negam-no ao próximo usando estereótipos e
generalizações racistas, sociais e culturais. Os portugueses são excelentes na
arte de generalizar. Sintoma de loucura? Não. De ignorância.
Tudo isto são indícios
de uma doença mental muito grave e a pedir tratamento urgente. E tal como as
doenças que afligem um corpo por demasiado tempo, são muito difíceis ou mesmo impossíveis
de curar. Podem mesmo levar à morte do paciente. No caso dos portugueses são os
resultados de demasiado tempo afocinhados em "empregos" de merda, demasiado
tempo silenciados, demasiado tempo debaixo de uma pressão imensa para serem
(parecerem) isto e aquilo e aqueloutro. Demasiado endividados, demasiado
mansos, demasiado cobardes, demasiado subservientes e demasiado submissos. É
esta a doença de Portugal. Claro está que com tanta coacção, a panela começa a
largar pressão por algum lado. Basta observar o submisso, subserviente e
endividado (mas vaidoso) português a conduzir, a ameaçar nas redes sociais, nas
repartições públicas, nas filas das lojas, nos mercados, nas praias, enfim. As
incoerências e as manifestações de loucura nunca mais acabam.
Eu tive a sorte
de poder sair de Portugal (bem) a tempo. Mas foi preciso chegar aos limites da
loucura clínica para o ter feito. Não foi um passo de coragem como muitos
pensam. Foi por desespero. Mas curei-me. Temo pelos que ficaram. Sendo mais
fortes que eu, vão a pouco e pouco cedendo à loucura desse manicómio gerido por
gente que nem para limpar o cu a cavalos serviria (não me desculpem o
vernáculo). E temo pelo futuro desse país que para ser assim mais vale não o
ser. Os portugueses, tal como os judeus (esses grandes paranóicos), deveriam
empreender uma diáspora de 2000 anos, misturarem-se, dissolverem-se,
miscigenarem-se ainda mais e só depois de se curarem da loucura, então voltarem
e lutarem pelo seu cantinho à beira mar plantado.
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