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domingo, 24 de janeiro de 2016

Arrábida



Arrábida. Foto: Nuno Bossa


Arrábida que eu amo,
Não serra paraíso de Gama,
Antes tempestade impetuosa
De chuvas que escorrem,
Laranja por tuas encostas.
Por onde nas brechas
O uivo bravio do vento
Traz um arrepio morno
E uma turquesa marinha,
Encimada de espumas,
Cachão não alto, se desfaz
Nos penhascos erodidos da minh’alma.

Minha Arrábida, inferno,
De riscos insuspeitos.
Onde em tua urbe adjacente,
Perto dos velhos baluartes,
D’antanho conheci averna,
De sombra apelidada.
Em tuas vertentes mastiguei saibro
Por mulheres mal-amadas.
Quantos te temem
Tanto quanto eu te adoro?
Fosses feita de lava e enxofre
E te amaria muito mais que ninguém.

Serra minha,
Quanto nos meus olhos
São saudades dos teus?
Repousarão em ti,
Contentes, meus restos.
Carregadas pelas filhas de Hipólita,
Guiadas ligeiras no teu vento
Para o teu ventre.
Recebe minhas cinzas defuntas,
Embebidas de orvalhos mágicos
Nas tuas matas solitárias
Onde, por fim jazerá,
Esta minha infinita tristeza.

©Alexandre Alves-Rodrigues 2016

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