Quase todos nós já
ouvimos falar de pirâmides demográficas e o que elas representam. E todos nós
já ouvimos falar do envelhecimento populacional no Ocidente. Mesmo em países
onde os subsídios são (eram) generosos, a tendência nos países desenvolvidos é
a de gerarem poucos filhos. As razões são muitas; os desenvolvimentos de
anticoncepcionais desde os anos 60, a educação sexual preventiva, a falta de
tempo para cuidar dos filhos (raros são os casais onde um dos cônjuges não
trabalha) e as despesas e ambições que todos desejamos para os nossos filhos influenciam
de uma maneira ou de outra o modo como construímos as nossas famílias e o número
de filhos que geramos.
Em Portugal e nos restantes
países afectados pela recente depressão económica de 2008 e que ainda dura, e
estará para durar mais umas décadas (embora os políticos nos escondam esse
facto) está-se a construir uma perigosíssima bomba-relógio que daqui por vinte
ou trinta anos irá explodir nas nossas mãos. As actuais vagas de emigração,
além de desproverem o país de profissionais especializados e jovens trabalhadores,
geram no curto prazo um alívio no desemprego e no pagamento dos respectivos subsídios,
mas a longo prazo terá consequências muito perigosas para a sociedade. Além de
eliminar contribuintes potencialmente importantes em termos de ganhos salariais
e logo de impostos recebidos pelo Estado, os trabalhadores que restam no país,
regra geral mal pagos, logo geradores de pequenas contribuições ou em muitos
casos de total isenção das mesmas, serão (já são) os grandes sacrificados
porque a médio e longo prazo verão as suas contribuições para a segurança
social aumentarem desproporcionalmente. Acresce o facto de o crescimento de
idosos em idade de reforma estar a aumentar, logo um aumento de cuidados de
saúde e de cuidados especializados, logo maior despesa e pressão nos serviços
de saúde coloca em perigo de colapso total o Estado Social.
Para termos uma pequena
ideia, em Inglaterra em 2012 foram gastos £15 biliões (+/- €18.5 biliões) em
cuidados sociais com idosos e uma previsão de £23 biliões para 2027. Ora se a
população está a envelhecer quem irá pagar os cuidados de saúde desses idosos,
a que acresce o facto de serem cada vez mais longevos na idade. Existem hoje cerca
de 3 milhões de idosos acima dos 80 anos em Inglaterra, com um aumento previsto
para o dobro em 2030.
Ora num país como
Portugal, onde a colecta de impostos é no mínimo ineficiente, devido ao excessivo
peso do Estado na economia e ao já famoso laxismo latino (afinal as leis são
para ser violadas, não é?), acresce o facto dos sucessivos governos, devido a
contínua gestão danosa dos impostos pagos pelos contribuintes e à sua
lamentável visão de curto prazo, não terem planeado nos anos de maior “riqueza”
politicas para contrariar esta tendência. Aliás poucos são os países ricos que
as tenham, salvo louváveis excepções. Assim, aqueles que são/estão iludidos com
perspectivas de melhoras económicas daqui a um, dois ou mesmo no final da
década, desenganem-se e não se deixem enganar. Para agudizar ainda mais este
problema, agora que não há absolutamente dinheiro nenhum (os bancos também
estão vazios, por isso andamos nós a pagar mais impostos) na economia, e é demasiado
tarde para contrariar a tendência. E é claro que já estou a ver os mais criticos
a perguntar. Então qual é a tua solução?
Corro o risco de ninguém
gostar da minha resposta, mas cá vai.
Neste momento, como as
coisas estão e vão avançando, e tirando exemplos da história, a solução será a
de uma guerra a uma escala mais ou menos mundial. Senão vejamos: quais foram as
razões dos extremismos políticos na Europa da década de trinta? A primeira, uma
guerra mundial que deixou profundas dívidas em quase todos os países beligerantes,
incluindo os vencedores e que exigiu dividendos impossíveis aos países perdedores,
Alemanha, Áustria, etc. Lembra-vos alguma coisa? Segundo, a crise da bolsa de
1929 que impossibilitou esses países de pagarem as dívidas de guerra,
acrescendo o facto de por ignorância e sem prever as consequências os governos
imprimirem cada vez mais moeda, desvalorizando-a e aumentando a inflação. Estão
a ver os perigos de sair do Euro? Daí até os povos começarem a seguir messias
mais ou menos loucos, vai um passo. A Grécia viu pela primeira vez a eleição de
deputados de extrema-direita ao parlamento. Na Espanha já se fala da independência
catalã. Seguir-se-ão os Bascos. Seguirá um Franco para por tudo “em ordem”?
O pior disto tudo é que
mesmo que estes cenários de repetição não venham a ocorrer, não se vislumbra
mais nenhuma solução senão a bélica, que infelizmente traz desgraça pessoal a
muitos, mas tem a vantagem de fazer crescer as economias, gerando “booms”
populacionais e reconstrução. Baralhar e voltar a dar. De preferência cartas
novas.
Mas desviei-me um pouco
da linha inicial. Até porque existe em potencial uma terceira via. O que fazer
com os velhinhos que serão a maioria da população daqui a vinte ou trinta anos
(eu estou incluído neste número)? Sem dinheiro para cuidados de saúde e/ou
sociais, com poucos jovens a contribuírem para o Estado Social, terão de ser as
comunidades e não organizações de cariz social (regra geral dependentes deste) a
organizar-se, e aqui tiro o chapéu ao povo norte-americano, que não tem um
Estado Social mas onde as comunidades sabem organizar-se e são voluntariosas, a
tratar dos seus. Mesmo que no futuro com poucos meios, e teremos que nos habituar ao facto de não existir dinheiro para tratar doenças mais graves e mortais como o cancro e vermos partir mais cedo os nossos entes queridos. Mas poucos meios serão
sempre melhores que nenhuns. Em países de pouca iniciativa privada ou
comunitária, como é o caso de Portugal, onde toda a gente espera que a edilidade
ou o governo resolva todos os problemas estruturais e sociais e raramente se
organiza para resolver os seus problemas comunitários. Assim sendo, ou as
pessoas mudam a sua mentalidade, de dentro para fora e não o contrário, como é
apanágio dos políticos de todos os quadrantes, e passam já à acção preventiva,
ou então a miséria que vai alastrando pelos países periféricos passará a ser a
norma como era à cinquenta ou sessenta anos atrás.
I have a lot of problems with this entry, mainly because I have adopted entirely different presuppositions [especially] from that of the average European. It's quite often that people over there will offer the silliest comments about the size of my family, which just shows me how far apart our mindsets are. Moreover this is an area that I believe is responsible for Europe's&West's decline.
ResponderEliminarIn my opinion, The best way to love our children and to love the future's children and to love, really, all people, or all children, is not by society limiting our family size. It's by respecting and honoring human life and considering children a blessing. As the 'baby-bust' problem shows the “overpopulation” crisis, pro-choice arguments are a lie. The main reason why people generally don't have children is because of selfishness. I had a work colleague who had one child and told me he was done and that having more children was too expensive. Now both parents were working professionals and that same year he bought a $70k BMW! Generations ago, people struggled more and they had large families, why is it then when we face the highest comfort levels and even when there are subsidies and free child care, couples opt for having no children?
I don't agree with the natural consequence being war (unless one declared by the outside) as this would logically mean Europe would have to adopt an extremist or totalitarian philosophy. Well on this aspect Europeans do have a weakness, but wouldn't a benevolent dictator ala Salazar be a better solution (heresy perhaps but a little true)?... but on war, practically speaking how is Europe even going to defend itself? Certainly not by sending the family's only son to guerre! We are talking about generations that have grown accustomed to having the US boots on the ground while they spent money on welfare. Moreover military spending in Europe is at the lowest levels ever, mostly due to massive populating aging*
You state that in your opinion the short-term solution is to have more community initiatives. The WSJ had an article on America's own baby-bust problem and it recommended that in the face of this decline, the only thing that will preserve America's place in the world is if all Americans...have more babies (WSJ, 2013). I think the same advice should be adopted for Europe, unless they want to shrink into dhimmitude. Maybe they should change the initiatives, for example 3 kids = a pension. Zero kids = private pension.
Regarding US population being more volunteer driven. This is very true, but I would add that it is because Europe is girded by a collectivist philosophy that focuses first on what the individual can reap from the community and not what the individual can bring to his community. Entitlement vs. Service. Unfortunately these trends are changing here too as evidenced by our twice elected Community-Organizer-in-Chief.
In conclusion, I believe the 'baby-bust' problem facing the world proves once again God's truth “be fruitful and multiply".
* Haas, 2012 "Population Aging and the Future of NATO"