Irritas-me tu quando
deixas tudo de pantanas e te vais embora como se nada fosse. E voltas como se
nada fosse, e parece que não tens olhos na cara para ver a desarrumação que
fazes e como isso me impede de pensar direito.
Irrita-me ele, aquele
tipo que nunca me viu na vida e já acha que pode ter certas “liberdades”
comigo. Apanhei muitos assim, há muitos anos quando ainda era um jovem-adulto
(outra palavra que me irrita) e eles mais velhos, achavam que só por isso
achavam que tinham andado comigo à escola.
Irrita-me nós quando
deixamos de ter conversa. No café, assim a olhar um para o outro, ou para o
café e ficamos em silêncio. Como se fossemos os dois estranhos no primeiro dia
em que nos conhecemos. Como se todas as conversas de todos os homens de todo o
mundo, de repente tivessem acabado e só sobram as borras do café.
Irritam-me vocês quando
falam todos ao mesmo tempo e em voz alta, em lugares fechados, e eu deixo de me
conseguir ouvir a pensar. Calem-se por um minuto. Que desorganização vocal. Parece
que deixo de raciocinar. Nessas alturas só me apetece desaparecer, ir para o
meio de uma caverna onde a única coisa que ecoa é o som das minhas ideias a esvoaçar.
Irritam-me eles, as
pessoas que se acham mais que os outros, como se estivessem acima da “lama” que
somos todos nós. Como se não fossem eles próprios “lama”, da mesma lama da qual
fomos todos criados. Lá porque têm uma educação “assim”, e nós plebeus temos
uma educação “assado”. Irrita-me o “nós” e os “eles”. Puta que os pariu a
todos!!
Sabes o que me irrita?
Ter de me irritar!
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