Gustave Moreau - Hésiode et la Muse - 1891
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Quando me afeiçoei de ti,
Tardio fui em me insinuar.
Ao invés, meu coração cambiaste
Em pedra, qual górgona Medusa.
Transformei -te então a ti
Para sempre na minha musa.
Que me importa se me evitas,
Ignoras ou desprezas.
Tu e só tu me inspiras
Desde a hora que te vi,
Mesmo que não queiras
Estas linhas são para ti.
Na solidão és como um fantasma
Que no cheio do nocturno luar
Me atormenta a insone alma,
Sempre
foste evasiva e tão distante.
Falo por demais assim,
Desculpa se pareço arrogante.
Porque apenas sei pintar
De palavras
este papel,
Todo o pintor tem a sua musa
Magritte e
Georgette, Dali e Gala.
Tenho-te
como flor na lapela,
Na pena guardo uma bala.
Se isso te incomoda,
Decerto não me podes culpar,
Mas esquecer-te? Ah não,
Só quando me extinguir.
Teu rosto do meu pensamento
Em vão quis para sempre destruir.
Atormentas-me os dias
Com ardores de dúvidas,
Enches-me o céu de poesia,
És das minhas noites o luar,
À loucura cheguei, mas acredita
A custo consegui me habituar.
Porque de longe se vê mais claro,
E eu vejo que no meio deste desatino,
Perdido à deriva me encontro,
Neste impossível pranto de recusa,
Tu foste, és e serás,
Para sempre a minha única musa.
©Alexandre Rodrigues 2012
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