E às vezes acabamos
assim. Perdidos no meio dos amigos, sem saber o que dizer, o que perguntar, que
conversas iniciar. Quando se passa muito tempo só, ou convivendo com um número
mínimo de pessoas, todos os dias, todas as horas, a nossa perspetiva social
diminui, reduzida a uma insignificância tal, que nos amedronta, e por vezes
aterroriza.
Dei comigo assim,
um destes dias, meio distante, o som das palavras dos interlocutores lá longe,
como se estivesse a começar a acordar de um sono muito profundo e as vozes a parecerem-me longínquas, o sentido auditivo lentamente a
recuperar, e senti-me completamente
descontextualizado, a perguntar a mim mesmo com uma audível voz interior; mas o
que está ele a dizer, que disparate pegado, ou então; esta não é a pessoa que
eu conhecia. Mas parece-me que sou eu que estou completamente desfasado da
realidade. E a realidade é para mim distante, sonho turvo, abstrato, excluída
da minha pessoa.
E por estes dias vamo-nos sentindo assim, tristes perdidos, vagabundos, irreais, sem forma...
©Alexandre
Rodrigues 2013
Estará na hora de marcar um convívio de emigrantes portugueses.
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