Estou do lado do espelho onde me colocaste,
Preso a um passado que insiste em atormentar.
Do lado de cá, reflito-me na tua recordação,
Abeiras-te ao vidro prateado e vislumbras
A imagem antanha de mim que em ti ficou.
Mas não estou silencioso.
Questiono-te, quando me questiono,
Respondo-te criando respostas que queria
Viessem da tua boca.
Tudo porque deixaste que me ausentasse
Neste espelho durante tanto tempo.
Hoje não somos mais que o reflexo do que deixámos para
trás,
Ou seja, muito pouco nestes anos de ausência.
Um mar de silêncios refletidos neste espelho onde nos
questionamos, um vazio.
Trazemos apenas as rugas dos anos que vão passando.
Sem
ter como iniciar o diálogo premente,
O desejo de perceber, de estilhaçar o espelho.
©2014 Alexandre Alves-Rodrigues