Quando o tempo mudar
e o meu casaco de chuva se voltar ao sol,
e os sapatos cor de frio descalços, 
então terá chegado o dia. 
Quando o tempo mudar 
e a neves derreterem, e as cores voarem,
e o céu for azul de novo,
então será chegada a hora.
Quando o tempo mudar 
e Primaveras floridas na minha camisa, 
e erva fresca nos meus pés, 
então saberei o caminho.
Quando o tempo mudar 
e a chuva cessar, e o vento nas falésias
se calar, 
e uma flor de açucena voltar, 
então estarei pronto.
Quando o tempo mudar 
e as lágrimas secarem nas vidraças, 
e tu fores paisagem nos meus olhos, 
serei água em tuas mãos.
Quando o tempo mudar
e o sonho voltar a ser sonho, 
e o Verão tempo de rosas e no meu corpo o
teu sal, 
então saberei quem sou. 
Quando tempo mudar
e deus finalmente a dormir, 
e na madrugada fria despertares do sono, 
então serei coroa de orquídeas. 
Quando o tempo mudar
e o vento levar de volta o barco, 
e correntes profundas lhe derem élan, 
não mais olharei para trás. 
Quando o tempo mudar 
e as montanhas deixarem de ser montanhas
e nos pinhais murmúrios distantes de vozes
antigas, 
então tudo será consumado.
©Alexandre-Alves Rodrigues 2016
