Número total de visualizações de páginas

domingo, 4 de setembro de 2011

Pensadores Portugueses

Pensadores Portugueses

Quando reflicto sobre a História Universal e em particular a História de Portugal tenho de, por defeito de personalidade, comparar quantos pensadores, cientistas, matemáticos, políticos e economistas portugueses são conhecidos universalmente (ou seja fora dos canais lusófonos) ou contribuíram para o desenvolvimento da humanidade. E a resposta é poucos, mesmo muito poucos.
Quase todos os países da Europa produziram de um modo ou de outro grandes pensadores, músicos, filósofos que hoje são conhecidos universalmente. E nem estou a pensar nos países mais contribuidores (porque grandes dir-me-ão os meus leitores) como o Reino Unido, a França, a Itália e a Alemanha. Penso por exemplo na Polónia que nos deu Copérnico, Chopin, Maria Skolodowska (mais conhecida por Marie Curie),  Karol Wojtyla, ou Lech Walesa, ou em Espanha que nos deu escritores conhecidos universalmente como Cervantes, ou cineastas como Almodóvar e Buñuel e pintores como Goya e Salvador Dali, entre muitos outros.
Portugal como primeiro império global da História e um dos mais longos teve o dever de dar ao mundo grandes pensadores, artistas, políticos e cientistas. No entanto, poucos, diria mesmo muito poucos são conhecidos universalmente (já para não falar daqueles que o são graças a terem emigrado, como António Damásio). E não é por falta de os termos. Se retirarmos o príncipe D. Henrique e Vasco da Gama ou Magalhães, todos eles dos tempos das descobertas, Portugal não tem muitos mais contribuidores conhecidos universalmente ou saídos das universidades e escolas portuguesas. Não temos ninguém da craveira de Newton nas área das ciências e matemáticas, ou com a força crítica de um Lutero na religião, um Miguel Ângelo nas artes ou Voltaire na filosofia, ou um Kepler na astronomia, ou porque não um Nobel na Industria. Certo que no século XX a nossa literatura produziu dois dos maiores vultos na área da escrita e da filosofia, Pessoa e Agostinho da Silva mas nem um nem outro são sobejamente conhecidos mundialmente para fazer deles vultos universais. Infelizmente.
E é aqui que quero realçar primeiro a figura (ou figuras) de Fernando Pessoa. Pessoa é sem dúvida o mais prolífero e talentosos escritor e pensador português de todos os tempos, mais do que Camões sem sombra de dúvida, e se retirarmos o mundo lusófono e alguns meios académicos europeus ligados ao estudo da língua portuguesa mais ninguém tem conhecimento da grandiosa obra de Fernando Pessoa.
Portugal no seu todo e ao longo da sua longa história tem vindo a recusar aos seus maiores cidadãos o lugar de relevo que verdadeiramente merecem no pódio dos grandes vultos internacionais. Não tenho a menor dúvida de que se a obra de Pessoa, ou o patrocínio da sua tradução e principalmente a sua divulgação para as mais faladas línguas que não o português colocaria este escritor ao nível de um Shakespeare ou Cervantes. Muitos referem que Kafka é o escritor de Praga e Pessoa o escritor de Lisboa, porquê um ser universalmente conhecido e o outro não? Certamente não o será por falta de originalidade, quantidade (Kafka ficaria muito atrás) ou qualidade e diversidade da obra.
Ou o que dizer do grande pensador e filósofo Agostinho da Silva, que viveu em Portugal e no Brasil e cuja vasta obra apenas é (mal) conhecida nestes dois países? O pensamento de Agostinho da Silva seria sem dúvida nestes tempos de falta de ideias originais e alternativas, um grande contribuidor para uma nova abordagem da sociedade em que vivemos e sobrevivemos e para a educação dos jovens que neste momento não têm rumo na sociedade.
Portugal, no muito que contribuiu para o desenvolvimento da humanidade no século XV na área da navegação, deveria ter iniciado o salutar hábito, tendo em conta a riqueza que acumulou nessa época áurea, de incentivar e divulgar os seus melhores filhos. Infelizmente não o fez. Por isso não tivemos um Miguel Ângelo,  um Kepler, um Bach, um Newton, um Descartes, um Chopin, um Pitágoras. Por isso a relevância de Portugal no mundo cultural actual ser tão pequena, e o nosso turismo internacional (o maior exportador nacional) se resumir na sua maioria às praias do Algarve. E o mundo fica mais pobre por não conhecer aqueles portugueses que com toda a certeza deveriam fazer parte dos grandes que mudaram o rumo da História e aqueles que o nunca chegaram a fazer por falta de visão de gerações e gerações de gente tacanha, egoísta e invejosa.

1 comentário:

  1. Algumas achegas, não de contra mas de também:
    - a fama nem sempre é sinal de qualidade. Nós temos um problema de marketing. Alguém duvida que Pessoa ou até mesmo Camões sejam superiores a Cervantes (que só é reconhecido pelo D. Quixote)? O problema é que os nossos grandes poetas e intelectuais até cá dentro são desconhecidos. Que importância se dá a Damião de Góis um dos maiores do seu tempo (internacionalmente falando), a João de Barros, a Garcia da Orta, a Pedro Nunes (da craveira de Newton, fica sabendo). A grandes poetas do sec XX como José Gomes Ferreira ou José Régio (geniais, muito melhores do que qualquer Dylan Thomas). Nós não sabemos vender o nosso produto porque, como bem dizes no fim da crónica, é a tacanhez que acaba por se impor e nem o próprio país dá valor às riquezas que tem.
    - o reconhecimento internacional às vezes é injusto.
    - Muitos dos que referiste também só se tornaram conhecidos depois de emigrarem (todos os polacos, por exemplo).
    - Esqueceste-te do Espinoza.
    - Sempre fomos muito pequenos demograficamente, em comparação com quase todos os países europeus e em particular com os que deram origem às mais famosas cabeças.
    - Nos séculos XVI e XVII, no domínio da música estivemos na linha da frente, com a enorme produção organística, para um instrumento que reinventámos (em conjunto com nuestros hermanos) e no campo da polifonia, com o surgimento da chamada «Escola de Évora». mas não exportámos...
    - Hoje, no campo do «pianismo» por exemplo, temos um claro «superavit» de pianistas de craveira internacional se tivermos em conta a população (e ainda mais se contarmos com as dificuldades acrescidas): Maria João Pires, Sequeira Costa, Artur Pizarro, António Rosado, João Paulo Silva (jazz). Joana Carneiro, com menos de 30 anos, é maestrina da Orquestra de Los Angeles. No sec XX tivemos Guilhermina Suggia (violoncelo), Viana da Mota (piano), Lopes Graça (composição), etc.. esta gente está ao nível dos melhores, não estou aqui a pô-los em bicos de pés.
    - Portanto 'bora publicitar o que temos de bom.

    ResponderEliminar

Comentadores de bancada