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segunda-feira, 25 de março de 2013

Em Jeito de Resposta a um Comentário de um Leitor Acerca do meu Post Anterior

Infelizmente o número de caracteres da janela de comentários não me permitia responder tudo o que queria ao leitor Óscar, a quem agradeço por ter lido o meu post e espero que o resto do blogue. Quanto à tua primeira questão sobre a demografia europeia já escrevi sobre esse assunto em Outubro do ano passado aqui, e a minha opinião mantém-se. Quanto à micro-economia, não desenvolvi muito a minha opinião no artigo porque é um assunto sobre o qual não tenho tanto conhecimento. No entanto, tal como no mercado existe flexibilidade entre oferta e procura de bens ou serviços, o mercado de emprego deve, na minha humilde opinião, adaptar-se a essas variações. Se para a minha geração o emprego monolítico é algo que já deixou de existir, e portanto as esperanças de uma carreira são muito poucas, as gerações futuras deverão ser treinadas num enquadramento de flexibilidade laboral que lhes forneça ferramentas suficientes para o fazer, sem obviamente os explorar (demasiado).


Quanto ao falhanço económico Europeu, este tem várias explicações; culturais, históricas e políticas. Culturais porque a diversidade de povos que compõem a Europa têm , regra geral, identidades muito fortes e visões muito diferentes do mundo (e da economia). Ao contrário dos Estado Unidos e outros países do Novo Mundo que agregaram debaixo de uma única constituição os povos migrantes (e nativos) construindo assim uma cultura política e económica única dentro das muitas culturas amalgamadas nos seus territórios, a Europa sempre foi e será um continente de culturas diferentes, com princípios políticos diferentes, logo dificilmente unificável. Também já abordei levemente esse assunto aqui embora me tenha restringido a Portugal. Se leres esse artigo encontrarás um link para o site do professor Geert Hofstede, um pioneiro na classificação dimensional dos povos e que explica muito sobre as suas diferentes visões políticas, económicas e culturais. Outra das razões porque falhou foi o facto de o Euro, um excelente projeto ter sido  vitima de políticos no mínimo incompetentes um pouco por toda a Europa, pelo simples facto de terem construido a "casa" pelo telhado, ou seja começaram com a moeda, em vez de começarem pela política fiscal, já para não falar do facto de ninguém(?) ter percebido que alguns países manipularam as contas para parecer que estavam prontos para o Euro, estando na verdade muito longe disso. E assim que a economia entrou em recessão em 2008, depois do "dinheiro fácil", as fraquezas dessa "casa" apareceram, e veremos se não a farão desabar.


Quanto ao Estado-Social, também ele tem origem na Grande Depressão de 1929 e expandiu-se depois da II Guerra Mundial. A miséria que se vivia na Europa, e a desagregação social, já para não falar na desumanização das populações e a pobreza abjeta em que viviam foram suficientes para despoletar o surgimento destes mesmos estados-sociais. Eu aqui gostaria de corrigir aquilo a que chamas de Socialismo para Social-Democracia (são escolas diferentes). Eu prefiro a segunda. E se para o americano médio o Estado-social é uma heresia (por razões históricas), para o Europeu médio o Estado-Social é quase sacrossanto (pelas mesmas razões). O que os políticos tem feito dele é outra história. Uns foram mais bem sucedidos que outros, e aqui voltamos à questão cultural (vide Geert Hofstede). O Estado-Social tem, como tudo na vida, de ser equilibrado, não pode ser imposto a quem não o quer e quando é aplicado deve ter em conta os tais fatores culturais. Mas acima de tudo deve ser realista; um país pobre ou mal-governado não pode exigir do seu Estado-Social o mesmo tipo de regalias que o de um país rico ou bem-governado. Seria o mesmo que eu (pobre ou mal-governado) dirigir-me ao stand da Mercedes e exigir que me vendam o topo de gama da marca em prestações muito baixinhas e a trinta anos. Deveria sim, se calhar comprar um carro em segunda-mão ou mais barato que fosse possível pagar sem me arruinar a carteira. Eu continuo a defender um Estado-Social, mas que o seja onde realmente faz falta, a quem realmente precisa e adaptado às circunstancias de cada país.

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