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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Revoluções no Norte de África. Algumas considerações.

Os acontecimentos dos últimos dias em países do norte de África tem feito correr muita tinta. Serão preferíveis as ditaduras nacionalistas (apoiadas pelo ocidente) que mantêm controladas os islamistas ou democracias (exigidas pelos povos destes países) que poderão facilmente cair em extremismos como já aconteceu em outros países muçulmanos? 

A resposta é muito simples e tem muito a ver com as vagas de emigração destes países para a Europa. É certo e sabido que com desenvolvimento as taxas de emigração caem. Ninguém emigra do seu pais (e no caso dos norte-africanos com grande risco pessoal) a gosto. Se não há oportunidades, e o sentido de injustiça impera é muito natural que aqueles que não querem pactuar com o que se passa e não se conformam, não tenham outra solução a não ser tentar sua sorte em outras paragens. Seria então natural a Europa apoiar esta revolução, e no entanto apenas se vem tímidas declarações dos lideres europeus (pseudo-democratas-batedores-no-peito) e muita hesitação acerca destes acontecimentos. 

A Europa que se vê a braços com a imigração ilegal vinda destes países deveria estar na linha da frente no apoio ao seu desenvolvimento e consequente queda de vagas de imigrantes ilegais, continua a hesitar, como continua a hesitar em outros problemas, porque é gerida de Bruxelas por gente obscura, demasiado imiscuída em negócios obscuros no geral e com estas obscuras ditaduras em particular (quanto maior o risco, maior o lucro, qualquer gestor sabe isto). As grandes vagas de imigração servem apenas os grandes grupos económicos para baixar o preço do trabalho (lei da oferta e da procura) e fazer os nativos do pais sentirem-se ameaçados e abrirem mão dos benefícios que tem. De outro modo a Europa já teria apoiado medidas mais fortes de modernização e desenvolvimento destes países (em ditadura ou não). Os povos do norte de África são em regra mais instruídos do que em outras paragens e mais laicos também, fruto destas mesmas ditaduras nacionalistas saídas da Segunda Guerra Mundial (sendo a Líbia uma das excepções), em tempos apoiadas pelos regimes comunistas.

O medo cego acerca do radicalismo islâmico é bastante infundado (embora não se deva descartar de todo) e propagado pelos apoiantes (locais ou estrangeiros) dessas mesmas ditaduras. Estes povos querem verdadeiras democracias ao estilo europeu (não aquilo que temos hoje em dia no Velho Continente) e sabem bem que só assim se poderão desenvolver. Consegui-lo-ao? Só o tempo e o rumo dos acontecimentos o poderá dizer.

1 comentário:

  1. Após a 1ª Guerra, África foi dividida a régua e esquadro, esquecendo as potências do mundo ocidental de aquilatar dos interesses dos nativos, isto depois de séculos de barbárie e exploração de matéria-prima e mão-de-obra.
    Depois foram as descolonizações de papel e cuspo que deixaram a saque todos aqueles territórios e completamente a nu as atrocidades que anos e anos de abafamento tinham feito daquelas gentes.
    A seguir vieram as guerras civis e os negócios que a guerra alimenta: armas, diamantes, cacau e a miséria que apenas gera miséria.
    Tenho para mim que em África, hoje, as tribos não diferem das nossas; a única e ténue diferença é que para as nossas tribos a saúde e a instrução escolar ainda são bens de sobrevivência; para as tribos deles, nem sempre o acesso aos alimentos faz parte do pacote da subsistência mínima garantida.
    Aparentemente mudando de assunto: o rei da Jordânia já pôs as barbas de molho e entrou em fase de remodelação total do governo; Mubarak, no Egipto, um sósia do nosso Alberto João, prometeu não se recandidatar.
    Aparentemente mudando de assunto outra vez: Obama "pediu" a Mubarak que "restaurasse" a democracia no Egipto e garantisse uma transição pacífica. Resta saber de onde e para onde.
    Se o Obama não sabe e a Angela Merkel não se pronuncia... pois... não vêm que não há mesmo tribos diferentes????
    PaulaPinheiro

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