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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Velhice II


Pior que saber que a velhice chegou (ver post sobre o assunto aqui) é chegar a velho e não conseguir lidar com as novas tecnologias.
O meu pai, hoje com 74 anos, sempre esteve relativamente actualizado com isto dos computadores. Muito lentamente aprendeu a mexer neles já depois dos 60 (o meu pobre cunhado que o diga). No entanto ultimamente tem-me preocupado o facto de nesta semana já ter criado duas vezes contas no Facebook, duas no Skype (ou Skip como ele lhe chama). Não que o meu pai esteja senil (a minha mãe não tem a mesma opinião), mas porque para um homem da idade dele memorizar tantas passwords torna-se complicado. Certo que ele vem da geração que aprendia tudo de cor (desde a tabuada até aos números de telefone de familiares e amigos), mas a idade também não perdoa, as faculdades já não são as mesmas e isto para ele é tudo muito frustrante.
O que me preocupa, que sou da geração "Y-depois rasca-depois €500-agora ‘a rasca-no futuro mendiga", é um dia chegar ‘a idade do meu pai e tentar gerir a tecnologia (nem consigo imaginar qual) desse tempo e sentir-me tao ou mais frustrado que ele. Não me vou conseguir actualizar, vou ter de ir ‘a porcaria da internet (tal como o meu pai vai ao Correio da Manha) se quiser saber de um modo muito limitado o que se passa no mundo e nas constelacoes mais proximas, e nessa altura não se vai poder mais confiar nela (tal como hoje o meu pai não confia nos jornais). Vou concerteza esquecer o que quer que seja que substitua as passwords, talvez reconhecimento atravez da iris (quero ver depois, cheio de cataratas nos olhos como vai ser), ou outra porcaria qualquer que, com o deterioramento que a idade traz ‘as celulas humanas não me vai reconhecer e tenho de abrir contas (ou qualquer outra cagada que vao inventar) todas as semanas.
O que me consola nisto tudo, como não vou ter reforma (porque o Estado vai estourar tudo e a empresa onde tenho os meus PPR vai falir numa próxima crise financeira),  não vou ter dinheiro para me meter nessas aventuras e vou ter ter mais tempo para conversar com os meus amigos (aqueles que ainda não tiverem morrido).
E tenham medo, muito medo. Muahahahahahah.

3 comentários:

  1. Quando chegar à velhice? Aos 26, já não sei para onde me virar...

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  2. ai Alexandre, que queres que te diga? estando eu mais perto da velhice - a bem dizer já vou dando uns toques valentes - recomendo vivamente que te integres na geração post-it... wherever you post it!
    nem imaginas os posts que tenho em papel para registo das password's e dos logins e dos usernames e... o que é curioso é que me lembro de números de telefone que já nem existem, nem as pessoas a quem eles pertenciam e me esqueço facilmente se num login sou ixchviouhvbv ou iosdpjbn.&ghvc
    mas, com o passar do tempo, eu que estou numa geração de certa forma muito próxima da do teu pai, digo-te que a gente quer lá saber... às duas por três já nem me ralo e ponho os logins todos iguais... está visto que segurança na net é como em tudo na vida LOL é uma questão de sorte e, afinal, eu não tenho contas em offshores nem na Suiça
    para pessoas como o teu pai e eu, criar contas na net é como escrever recados, amarrotar o papel na mão e deitar para o lado... aliás, imagina o lixo que não anda aqui pela net... e ao contrário do lixo físicamente palpável que uma pessoa deixa quando morre, o lixo que deixamos na net fica por ali... provavelmente sem que ninguém dê conta e até que um dedo caridoso digite um format qualquer e faça um reset ao serviço
    para pessoas como o teu pai e eu as verdadeiras preocupações continuam a ser, ao fim e ao cabo, a quem deixaremos nós os nossos livros e os nossos discos de vinil... vai lá perguntar-lhe e depois diz-me se errei :J)

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  3. Grande texto amigo emigrante! Eu tento não pensar muito no assunto porque roça a depressão mas é inevitável e latente este susto. Ando a gostar de ler este blog... um abraço setubalense!

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